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quarta-feira, 31 de março de 2010

Dedos que se entrelaçam, prendem-se e enlaçam aos meus. Sentimentos que contornam outros. Amor que faz a revelia em meu coração e perturba minha mente em noites gélidas e fatigantes. A dor que omite um amor abandonado e uma alegria dissimulada. A chuva, os ventos ressoam como música. Eu, desengraçada e insípida por perder o entusiasmo, conservo-me maquiada. Amor esse insensível a compaixão. Diário que encobre lágrimas. Meu quarto hoje é inanimado, arrefecido, revestido de cores frias acoplando meu clamor e meus gritos mudos. Amargo quarto que guarda tanto (...)

Louanny Cury.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Acordei ao deparar-me com teu pedido de esquecimento. Minha imagem refletida no espelho avisava-me quantos riscos ainda havia de correr. Quantas esquinas ainda havia de virar. E quantas lágrimas ainda havia de derramar. Informava-me que não deveria argumentar com desconhecidos. Somente sorrir. Abri a porta e senti a brisa me trazer novamente tudo o que um dia havia levado. Caminhei sem rumo disposta a reencontrá-lo. Bastava apenas uma motivação. Um sentido. Faltava-me fôlego. Na mesma manhã alertaram-me que ele era assustador, e até perverso. Senti receio. Mas não desisti. Não haviam palavras, quantia que descrevessem tamanha personalidade. Certamente me encontrava incerta, e apaixonada. Desde então minha vida passou a ter um novo princípio. Todos os dias um novo início. Um recomeço. Uma nova maneira de amar.

Com amor. Do amor.


Louanny Cury.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Tudo em memória àquele tempo. Uma ode ao passado. A cerveja derramada no meu jeans e aos cigarros apagados na própria mão. Recordei isso enquanto purificava o coração negro desenhado em minha mão. Suscitei a lua, que de vez em quando sumia por trás da sua imagem. Beijo nos olhos é menos terno que na testa. Mais melódico que nas mãos. Uma invasão de estrelas acontece na sua face. Sua insana face. Seu dorso reluz a efêmera passagem dos cometas. Os cometas lhe saúdam e escorrem pelas suas bochechas como lágrimas cintilantes. Seu olhar explode em luxúria e melancolia. Na orgia das estrelas surge um riso demente. Mente, mente. Você mente. Já não confio em você. Mas me entrego por não ter com o que me ocupar. Você é azul. Vermelha. Você me deixa aturdido com seu som de sirene. Sirene? Planeta? Estrela? O que você é? Você é azul. Você me deixa blue. Você me deixa blues. Você me deixa down. Você me deixa mal. Você me deixa pra baixo. Cabisbaixo. Bem baixo. Você me deixa low. Me deixa vermelho. Vermelha é você, feito lava de vulcão. Seu sangue azul, às vezes vermelho jorra como vulcão. Erupção. Coração. Emoção. Comoção. Seu corpo ressoa em meu violão. Estrelas explodem. Estrelas em erupção. Escuridão em erupção. Seus olhos em erupção. Como gêiser suas lágrimas escorrem fervendo. Pelo seu dorso quente, minhas lágrimas escorrem em erupção. Uma ode ao mesmo vento. Ao mesmo início. A cerveja que novamente será derramada em meu jeans e aos cigarros que apagará na própria mão. Uma ode a recordação. Erupção. Lua. Dorso. Beijo. Em erup

ção

ão

o

cora.


Escrito por: Louanny e Devana.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A maior das desvantagens de pertencer à espécie humana é a forma como este supostamente encontra-se superior a outros. Seja com capitais. Seja com palavras afáveis até promessas. Conforme crescemos e nos amadurecemos inerentemente nos familiarizamos com diversas atitudes do ser humano, o que faz de nós meros pseudo-aprendiz. A convivência com esta espécie calculista, insensível e escrota, nos proporciona um aprendizado: argumentar da forma mais convincente possível. Passamos a cair no poço da dominação, da manipulação. Construindo um tabuleiro, pronto pra organizar as peças sobre ele. Passamos a ser egoístas a ponto do gênero: “Quero as coisas do meu jeito”. Facilmente esquecemos-nos dos princípios e valores que nossos pais nos injetaram na infância e nos deixamos levar por coisas bonitas que escutamos por aí, confiamos em desconhecidos e nos apegamos às pessoas. Desde que adquiri este reconhecimento passei eu mesma a resolver meus problemas. Me fortaleci, e creio não correr mais o risco de ter meus conflitos debatidos numa mesa vagabunda cheia de marmanjos com soluções pré-fabricadas que me levariam a quebrar a cara. Não compartilho meus problemas com mais ninguém. Tenho dito. Anseio descobrir não só o que necessito, mas também o que não me convém.


Louanny Cury.

quarta-feira, 17 de março de 2010




O eco.

As horas se avançavam rumo à madrugada, enquanto ao longe cada vez mais o eco do trepidar de saltos estalando no asfalto se aproximava em minha direção. Assemelhava-se a uma perseguição. A cada instante que se avançava, aquele par de sapatos trinta e seis percorria de um lado ao outro emitindo o eco do trepidar de saltos no asfalto. Via-se através da sombra o corpo escultural situado às curvas que me cedia tons medianos. Seu busto de proporções delicadas assemelhava-se a um tom dissonante do profundo olhar que eu também sentira, embora o tom agudo de sua respiração acoplado ao som ritmado daquele par de sapatos trinta e seis, ainda me acompanhasse conforme os minutos se avançavam. O caminhar. O rebolar. O trepidar. O eco. Ocasionalmente fiquei elucido pela forma como seus olhos se contraiam quando sorria. Reparei nos cabelos negros junto a um único grampo preso ao alto da cabeça. Vislumbrei as lâmpadas de mercúrio que deixara a cidade n’um tom pastel. Amarelado. Avermelhado. Marrom. Contra a luz via-se Margot. Não sabia ao certo seu real nome. Mas Margot era um nome forte e combinante a sua imagem. Das sombras juntos nos direcionamos a iluminação de uma espelunca composta de som ‘ao vivo’ que tornava o ambiente aconchegante, intimidador, quem sabe, convidativo. Rostos familiares. Pessoas descontraídas. A estreita o cantor dissecava aquele velho repertório. Ainda assim, o eco do trepidar de saltos trinta e seis se aproximara novamente. Os saltos trepidantes que por uma fração de segundos escoaram meu coração. Margot se acomodou na mesa ao lado. Cruzou as pernas. E passou a me encarar minuciosamente enquanto eu a encarava firmemente bebericando o líquido volátil. Margot se dirigiu a minha direção. Sentou-se a minha frente. Como começamos a conversar, de fato, não interessa. E entre um gole e outro, Margot me contava como havia chego ali. Encarei-a de baixo a cima e me demorei em seu decote, profundo, milimétrico, o que lhe realçava ainda mais aquele ar de sensualidade. Neste momento, eu me encontrara perdido no vão arquitetônico entre duas taças de vinho. Imerso na meticulosa observação. Inexplicavelmente os ecos monumentais ainda sondavam minha mente. Aos poucos o eco do trepidar de saltos trinta e seis fora se afastando e ao longe eu via Margot, que depois de captar os ecos de minha alma, desapareceu. Deixando-me claro que sua fonte de beleza era justamente o mistério que me fustigava. Quem seria Margot ?


Escrito por: Louanny e Devana.

terça-feira, 9 de março de 2010

É quando nos perdemos na saudade, e nos encontramos na amizade. É quando nos perdemos no escuro e nos encontramos na esperança. É quando nos perdemos em nós mesmos e nos encontramos no outro eu. É quando nos perdemos na tristeza e nos encontramos na companhia. É quando somente o desprazer de perder nos rouba o prazer de encontrar.

Louanny Cury.

sexta-feira, 5 de março de 2010




Rastros abandonados à calçada. Passos que jamais serão os mesmos. Um pseudo-amigo ali, um quase amigo daqui. Caminhamos exaustos na mesma trilha. Hoje, recordei passos. Os passos que no passado me cansavam hoje me oferece a melhor das lembranças. Hoje, me leva ao mesmo vento, mas não ao mesmo destino.

Louanny Cury.
Cada letra é a extensão da palavra que prossegue n'um ritmo descomunalmente avançado e intencionado. Cada palavra une e separa o nexo do conteúdo. Cada frase reflete no que surgirá escrito adiante. Cada texto é compreendido de uma forma por diversos indivíduos. Mas cada sentimento é único e não percorre a outro sem saber o que está a frente te aguardando. Pra tudo há uma prevenção embora pra menos há solução.

Louanny Cury.